Tendo em vista nossos recursos
cerebrais (nosso "hardware") serem os mesmos, se alguém pode aprender
a fazer algo, qualquer pessoa também
pode. A chave para isto é descobrir e modelar os passos essenciais da
estratégia usada por uma pessoa e instalá-la em outra.
Você pode modelar as estratégias de qualquer pessoa,
fazendo as perguntas adequadas para extrair os passos essenciais. É bom levar
em conta que há pessoas que não têm uma idéia precisa do que fazem
(principalmente porque o fazem rápida e insconscientemente), até que você as
faça prestar atenção. Por exemplo, um executivo ao qual perguntei sobre como
tomava decisões, sua primeira resposta foi "intuição e bom senso".
Continuei fazendo perguntas, para descobrir que ele tinha etapas, por exemplo,
de projeção de conseqüências e se colocar no lugar das pessoas. Já uma
professora preparava aulas revendo o conteúdo no livro e montando o quadro que
estaria apresentando aos alunos. Para saber se estava bom, ela se colocava na
posição de um aluno.
Sobre como controlar as reações variando a luminosidade
das lembranças (citação na página 26),
Bandler (1987) completa:
"Eu aprendi
a fazer isto com pessoas que já o faziam. Uma mulher contou-me, certa vez, que
estava sempre alegre e que não deixava que nada a chateasse. Perguntei-lhe como
conseguia e ela disse: 'Quando penso em algo negativo, simplesmente diminuo a
luminosidade'".
Há artigos e livros específicos de PNL sobre a modelagem
de estratégias. Mas lembre-se de que você com certeza já imitou e modelou
fisiologias e comportamentos desde quando era bebê, e já tem estratégias
desenvolvidas nesse sentido!
Conforme o nível de segmentação em que observamos ou
descrevemos uma determinada estratégia, podemos abranger maior ou menor nível
de detalhamento. Uma macro-estratégia
compreende as etapas maiores e mais gerais, em um baixo nível de segmentação.
Uma micro-estratégia descreve
detalhadamente os passos, em um alto nível de segmentação. Planejar em que
cidades se vai passar em uma viagem é uma etapa de uma macro-estratégia; decidir
o que vai fazer em cada uma também está no nível macro, embora em um nível
maior de segmentação. Já a forma como a pessoa imagina as cidades caracteriza
uma micro-estratégia. Ela visualiza imagens ou filmes em cores? As imagens são
grandes ou nítidas? Uma macro-estratégia pode incorporar muitas
micro-estratégias.
Estamos normalmente mais familiarizados com
macro-estratégias: para cozinhar pratos, para estudar e outras.
Micro-estratégias têm também uma série de aplicações. Por exemplo, na
literatura de PNL está registrado o caso de uma “doente mental” que tinha
pilhas de relatórios no hospital psiquiátrico. Richard Bandler (1987) descobriu
que seu problema era que não sabia distinguir o que tinha imaginado do que
tinha efetivamente percebido. Bandler ensinou-a a por uma moldura preta em tudo
que imaginava; ao lembrar-se de algo, se a imagem possuía a moldura preta,
tinha sido imaginada. Com o tempo essa micro-estratégia se tornou inconsciente
e automática.
Um critério para se saber o grau de detalhamento mais
conveniente para descrever uma estratégia é baseado na utilidade e na
aplicação. Algumas pessoas aplicam de imediato uma macro-estratégia, enquanto
que para outras é preciso segmentar mais.
Robert B. Dilts modelou as estratégias de Einstein,
Aristóteles, Disney, Tesla e outros gênios da humanidade, colocando-as à
disposição de qualquer um na série de livros A Estratégia da Genialidade.
E usando-se técnicas de PNL, pode-se instalar uma estratégia rapidamente.
Por exemplo, a macro-estratégia da genialidade de Walt
Disney (Dilts, 1998) consistia, no nível de macro-estratégia, de três etapas: o
Sonhador, o Realista e o Crítico. O Sonhador elaborava o resultado final
desejado; o Realista era o encarregado de elaborar os planos para a construção,
a materialização do sonho; e o Crítico garantia a qualidade de tudo (figura).
Disney executava cada processo em separado dos outros,
inclusive com salas distintas para cada um. Cada papel tinha toda a liberdade
para trabalhar sem interferências dos demais. O sonhador, após elaborar seu
sonho, o passava ao realista, que por sua vez passava os planos para o crítico,
que após destacar alguns aspectos retornava as idéias ao sonhador para o
aperfeiçoamento, e assim por diante, até que todos estivessem satisfeitos. Os
papéis são complementares: o sonhador sem o realista não consegue transformar
idéias em algo concreto. O crítico e o sonhador, sem o realista, podem ficar em
conflito constante. O sonhador e o realista podem criar, mas sem chegar a um
alto grau de qualidade sem o crítico. Cada função consiste em uma estratégia
diferente, com micro-estratégias distintas. Isto envolvia, para Disney,
inclusive posições corporais e jeitos de olhar diferentes.
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