6. Execução de estratégias

Você certamente já brincou de fazer desenhos em várias páginas de um livro, de forma que ao passar rapidamente as páginas percebe-se uma animação. E certamente conhece a película de um filme, que é algo estático até que seja passado apropriadamente em um projetor. Da mesma forma um programa de computador não passa de um punhado de bytes guardados no disco rígido, até que os comandos que contém sejam colocados na memória e executados.
Uma estratégia instalada é como um programa de computador no disco ou um filme na película: nada acontece enquanto não for iniciada e processada. Elas precisam que lhes seja dada vida.  Para isso,  algo deve acontecer:
Uma decisão consciente – a pessoa voluntariamente escolhe iniciar a estratégia.
Estímulo ou contexto – algo que é percebido pela pessoa provoca o início da estratégia. A palavra “barata” pode iniciar uma estratégia de medo. Entrar em um ambiente pode iniciar uma estratégia de mal-estar. Tendo em vista nossa capacidade de distinguir, até um levantar de sobrancelhas pode iniciar algum processo interno. O estímulo também pode ser interno, como uma imagem, som ou sensação. Essa ligação de um estímulo com uma estratégia é chamada ancoragem, e o estímulo, âncora. A ancoragem pode ser provocada intencionalmente e é uma das maneiras de se intervir em estratégias e mudar comportamentos.
Um ponto de decisão – Toda estratégia tem pelo menos um ponto de decisão, em que o resultado desejado é comparado com o atual; se forem congruentes, a estratégia termina. Mas pode haver outros pontos de decisão em uma estratégia; nos quais pode ser iniciada outra.
Às vezes ocorre um laço, no qual a estratégia é continuamente reiniciada e a condição de saída nunca é atingida. Você talvez já tenha ficado por um dia inteiro envolvido com uma atividade, no trabalho ou na escola, e depois teve dificuldades de se desligar do problema. Ou seja, as estratégias internas que você usou continuavam em processamento. Neste caso pode ser preciso uma intervenção para interromper a estratégia (veja adiante algumas idéias para interromper estratégias).
Uma estratégia sem pontos de decisão intermediários, acionada por estímulos externos, pode dar a impressão de causa e efeito. Por exemplo, uma pessoa que tem fobia de barata e toda vez que vê qualquer barata tem a reação fóbica. Isto somente em parte é verdade, já que não é a barata que causa o problema, e sim a estratégia que é iniciada diante do estímulo. Se houver uma avaliação de perigo real, por exemplo, como parte da estratégia e antes da reação, esta poderia dar lugar a um comportamento indiferente ou algum outro de ordem prática, como matar a barata.
Uma característica interessante é que um estímulo externo que dispara uma estratégia pode em alguns casos ser substituído por um estímulo interno. Por exemplo, a pessoa com fobia de barata pode ter a reação ao imaginar a barata, desde que a representação satisfaça os critérios de  “realismo” da pessoa (Dilts et al., 1980, pág. 119).
Atividade 29 – Você tem âncoras?
Você tem:
a)     A "sua" música?
b)    Uma música que lhe empolgue?

c)     Algum ruído que lhe chateie (como alguém mastigando ou limpando os dentes com a língua)?


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