Dedique alguns segundos para soletrar a palavra
"estratégia".
Como você fez? Faça de novo e note seu olhar, para onde
vai quando soletra? Se não notar, peça para alguém soletrar uma palavra
qualquer e observe seus olhos. Todas as pessoas a quem fiz essa pergunta dizem
essencialmente o mesmo: "eu faço internamente uma imagem da palavra e leio
as letras".
Agora imagine uma criança em um ambiente escuro e
tranqüilo, mas ela está sentindo medo. De onde vem seu medo? É claro que só
pode vir de algum processamento interno acontecendo na criança. Talvez ela
esteja imaginando um monstro grande e feio, que a olha com hostilidade.
Um outro exemplo interessante é o do ciúme. Certamente há
pessoas que sentem ciúme de forma injustificada. O que ela deve fazer
internamente para isto? Uma possibilidade simplificada, ocorrida com o nosso
personagem Alguém, que percebe que o outro não chega como esperado:
·
Alguém imagina ele ou ela fazendo coisas bem
agradáveis com outra pessoa.
·
Alguém lembra experiências ou fatos que
sustentam a veracidade das imagens.
·
Alguém reage com emoção intensa (única
consciente).
·
Alguém ouve uma voz interna dizendo: “Você é um
corno!”, o que dispara a construção de imagens do outro fazendo coisas com
outra pessoa...
Neste momento Alguém entrou em um círculo ou laço, já que
a última etapa conduziu à primeira, e continuará a sentir ciúme até que esse
processo seja interrompido por algum fato novo.
Soletração, medo e ciúme são exemplos de como combinamos e
organizamos os processos internos. Uma seqüência desses comportamentos internos
é chamada estratégia interna.
Uma estratégia interna, vista em um nível detalhado, consiste de uma combinação de operações baseadas nos processos básicos em cada modalidade. Por exemplo, na estratégia do ciúme um passo é construir uma imagem interna envolvendo a outra pessoa, outra é dizer algo para si mesmo.
Uma estratégia interna, vista em um nível detalhado, consiste de uma combinação de operações baseadas nos processos básicos em cada modalidade. Por exemplo, na estratégia do ciúme um passo é construir uma imagem interna envolvendo a outra pessoa, outra é dizer algo para si mesmo.
No próximo exemplo foi aplicada uma estratégia de decisão.
·
Alguém, no trabalho, se abaixa e escuta um som
inesperado, proveniente da região superior traseira das pernas.
·
Alguém reconhece o som como da calça que rasgou.
·
Alguém leva a mão à calça e comprova sua
suposição.
·
Alguém imagina que outras pessoas vão vê-lo
assim, pensar várias coisas a seu respeito e que vai sentir-se muito mal se
isto ocorrer.
·
Alguém identifica possíveis alternativas de
solução para continuar trabalhando: cobrir o local, ir para o banheiro, pedir
agulha e linha para aquela colega que ele sabe que tem quase tudo na bolsa.
·
Alguém escolhe a última alternativa como mais
viável para continuar trabalhando.
·
Alguém consegue a agulha e a linha e vai ao
banheiro costurar a calça.
Nessa situação, Alguém usou para decisão uma estratégia
envolvendo avaliação da situação atual, elaboração de alternativas e avaliação
de cada uma frente ao objetivo prioritário de continuar trabalhando.
Outro exemplo de estratégia interna, muito útil e usada, é
a segmentação. Por exemplo, faça de conta que você vai fazer uma viagem de 2000
quilômetros pelas praias do nordeste do Brasil. Provavelmente (e se você fez de
conta direitinho), você já começou a segmentar, a pensar em que praias vai
parar. Se você for ao supermercado para fazer compras para dois meses, e já que
pegar tudo de uma vez parece impossível, vai estruturar internamente um roteiro
de forma a passar por cada seção. A segmentação também é parte de outras
estratégias: a soletração inclui a segmentação da palavra em letras antes da
pronúncia.
Podemos ter estratégias internas de vários tipos, para
várias finalidades: levantar da cama de manhã, escolha de pratos em
restaurantes, escolha de como descansar, de amigos e companheiros e em geral,
para tomada de decisão, aprendizagem, criação e motivação. Para sentir medo,
como você viu no exemplo acima, é preciso usar uma estratégia interna, que
inclui gerar imagens que parecem reais.
Também para acreditar que algo é possível há uma
estratégia interna de avaliação: a pessoa pode julgar que é possível quando já
fez anteriormente, ou pode acreditar que é possível para ela se for possível
para outra pessoa, ou ainda, julga possível quando consegue se imaginar
fazendo.
Até para ser "louco" é preciso fazer algo
internamente de maneira consistente. Bandler (1987) diz:
"O que percebi foi que as pessoas
funcionam perfeitamente bem. Talvez eu não goste do que elas fazem, e
tampouco elas, mas conseguem repetir o seu comportamento de maneira
sistemática. Isto não quer dizer que sejam desequilibrados, apenas que fazem
alguma coisa diferente do que nós, ou que elas gostariam que fizessem.
Se você é capaz de criar imagens nítidas dentro da
sua mente – sobretudo se consegue projetá-las externamente – poderá
transformar-se num engenheiro civil ou num psicótico. Há mais recompensas
financeiras para o engenheiro do que para o psicótico, mas este é bem mais
divertido. Tudo que as pessoas fazem tem uma estrutura, e se você descobrir que
estrutura é essa, poderá saber como mudá-la."
Atividade 22 – Formatação de imagens
Experimente brincar com uma imagem simples, como um
círculo ou outro objeto geométrico, fazendo coisas como abaixo. Procure o que é
mais fácil para você.
a)
Colorir
b)
Girar
c)
Afastar e aproximar
d)
Deslocar horizontalmente e verticalmente.
e)
Torcer
Atividade 23 – Estratégias internas
Será que você tem mesmo
estratégias internas? Faça a si mesmo perguntas do tipo "Como é que eu
consigo...? ou "O que é que eu tenho que fazer para..." nas situações
abaixo.
a)
Entender a expressão "prazer
gustativo".
b)
Entender a expressão "prazer gustativo
imenso".
c)
Informar qual foi o fim de semana de que mais
gostou dos últimos dois.
d)
Ficar ansioso quanto tem que entregar um
trabalho ou tarefa e o prazo parece curtíssimo.
e)
Decidir o que fazer se eu lhe pedir um copo
d'água.
Atividade 24 – Estratégia de memorização de
números
392781243
b)
Agora memorize o mesmo número, sabendo que há um
padrão: os números constituem potências de 3, de 1 até 5, dispostas em
seqüência: 31, 32, 33, 34, 35.
Se você não tem memória
fotográfica, a segunda estratégia deve ter sido mais fácil. Note como a
estratégia adotada pode fazer a diferença entre "fácil" e
"difícil".
Eficiência das estratégias
Estratégias internas concebem os comportamentos
inteligentes, isto é, que vão conduzir do estado atual ao pretendido. Assim
como estratégias em geral, estratégias internas podem ser mais ou menos eficientes,
mais ou menos ricas em opções. No processamento interno de Alguém, no exemplo
acima, mudanças no que acontece podem mudar o que sente. Por exemplo, se não
existir a voz interna, talvez ele tenha simplesmente uma emoção passageira, uma
possibilidade desprezada. Se o que ele imagina é que a pessoa não chegou por
causa do trânsito, não sentirá ciúme absolutamente. E se pensar nas duas
possibilidades, terá talvez que esperar o outro chegar para obter mais
informações antes de decidir.
Uma criança disse que não gostava de ir a um certo
restaurante de comida por quilo. Disse que era porque "tinha muitas
coisas". Podemos entender agora que essa criança não tinha uma estratégia
interna de decisão apropriada para escolher diante de muitas opções.
Talvez você já tenha visto ou ouvido falar de pessoas que
fazem operações matemáticas complexas "de cabeça" ou que jogam xadrez
sem olhar para o tabuleiro. Se alguém dispõe de uma estratégia interna
eficiente para obter algum resultado, ela o obtém sem necessidade de recursos
externos. Nas palavras dos criadores da PNL (Dilts et al.,1980)
“Se aprender ou
enfrentar vem para você com facilidade
ou dificuldade, ou se é rápido ou trabalhoso para você, isto é determinado pela
estrutura formal provida pelas suas estratégias"
“Um fato particular é
de nenhuma utilidade para nós a menos que possamos processá-lo através de uma
estratégia para atingir algum resultado”
Comentários
Postar um comentário